quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Uma carta para você!

Imagine nós dois, eu e você, daqui a alguns anos, morando juntos. Não precisaríamos ser namorados, nem casados, nem nada disso. Apenas amigos. E nós seriamos felizes, eu e você. Fotos de nós dois estariam espalhadas pela casa. Fotos suas no meu quarto, fotos minhas no seu quarto. Mas nós dormiríamos juntos. Pelo simples fato de eu te querer por perto, e você me querer também. Pelo simples fato do seu quarto estar bagunçado de mais e a minha cama ser perfeita para nós dois. Eu teria medo do escuro, sem você. E eu andaria apenas com roupas íntimas, e você fingiria não se importar. E eu fingiria acreditar. Eu fugiria de você, correndo pela casa, rindo, com o controle da televisão, só pra você não mudar o canal. E você me pegaria, e ficaríamos abraçados até o silêncio nos constranger. Nossos sábados a noite seriam nostálgicos, olharíamos todos tipos de filme, atiraríamos pipocas um no outro e pediríamos uma pizza. Nostálgicos e perfeitos, porque depois dormiríamos abraçados, no sofá da sala, ao som da melodia dos créditos de um filme de romance em que eu choraria do começo ao fim, e você riria de mim e comigo. Iríamos ao supermercado todo final de semana, comprar as mais diversas porcarias. E não nos faltaria nada. Você não se importaria com as minhas roupas espalhadas pela casa e pelo seu quarto. Eu não me importaria com a sua bagunça diária, nem com a sua toalha de banho atirada pelos cantos. Nos domingos à tarde, ficaríamos na sacada do nosso apartamentinho no 3º andar, tomando coca e cantando músicas velhas. Olharíamos as pessoas lá em baixo, casais apaixonados, e ficaríamos em silêncio, perdidos nos nossos próprios pensamentos. Seus amigos viriam te visitar, e eu choraria em silêncio, no escuro do meu quarto. Até eles irem embora e você ir dormir comigo, e perguntar se chorei. Eu negaria. Você acreditaria. Me acordaria no meio da noite, para contar um sonho que teve. E nós riríamos juntos. Me acordaria com café na cama, ou com uma rosa roubada do jardim da casa vizinha. Eu deixaria um recado sutil de amor na porta da geladeira antes de sair na segunda de manhã para visitar meus pais. Poderíamos até ter um cachorro. Poderíamos juntos, leva-lo para passear. E você decidiria pintar a casa, e ela ficaria vazia, apenas com nós dois e nosso cachorro. Deitaríamos no chão, e eu perguntaria em que você estaria pensando. Você mentiria e me perguntaria o mesmo. Eu mentiria. Eu iria para o trabalho todo dia de manhã, enquanto você seria famoso e eu estaria no topo da carreira. E eu te levaria pra jantar e te pediria em casamento. Isso, EU. Você aceitaria. E seria uma linda história de amor. Como tudo o que vivemos. Todos os dias. Todas as semanas. Todos os meses. Seria uma linda e interminável história de amor.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

So Much - Boyce A

He can't get out of bed this morning
You can tell that he's been crying
From the stains on his pillow case last night
He wonders why he got no warning
He wonders all the time
Well maybe in his dreams he'll make it right

He finally pulls himself together
And tries to face his life
But the thought of her cripples him inside
He wonders if she thinks about him
Or if she feels alright
These thoughts don't seem to leave his mind

At least he's still got so much...

Time on his hands
Time to get back on his feet again
Time left to stand
Time to let go of his feelings

Problems in his life get clearer
As he finds some peace of mind
It gets a little easier with time
No he doesn't have all the answers
But he figures that's alright
Cause some things in life you just can't find

All he wanted to find
Was a heart to match his own
When she left him behind
She killed the girl he thought he'd known



domingo, 8 de setembro de 2013

Sobre meus passos sem você.

Hoje me dei conta de que alcançamos o maior tempo sem trocar uma palavra um com o outro desde que nos aproximamos. Tem sido complicado pra mim, sabe ? Antes era só a falta física de você. Sabíamos que não ia ser fácil ter uma enorme estrada de distância entre a gente, mas pelo menos eu sabia você estava aí, do outro lado da linha. Agora está tudo meio fora de lugar.
Minha vida sem você tem estado estranha. Imaginei que ela fosse voltar pro que era antes de você dobrar a esquina do meu átrio direito e se instalar ali: dias normais com pessoas sem graça, mas não. Eu cresci tanto com você que não consigo mais voltar ao tamanho que tinha antes, como se eu estivesse fora do lugar. Sem você eu sinto que não me encaixo mais na minha própria vida.
Sem você aí do outro lado eu só tenho as fotos e os registros das conversas que tivemos pra lembrar dos dias bons. Sem você acho eu tenho ido bem. Quer dizer, ninguém morreu, além da minha visão sonhadora de mundo. O problema são as noites. As madrugadas, na verdade. É, as madrugadas têm sido difíceis, não tenho bem a certeza do porquê…Talvez porque fosse a hora que nos falávamos mais, ou porque seja a hora em que a gente deita a cabeça no travesseiro e a saudade aperta o coração. Às vezes chega a doer.
Tem feito mais frio do que deveria fazer em setembro. Os dias sem você têm sido sempre negativos e em preto e branco e por mais que eu use cachecóis e luvas, falta o verde dos seus olhos aqui pra esquentar as coisas. Tenho bebido mais desde que você foi embora também.  Não tinha bebido essa uva antes de você. Na verdade, não conhecia muitas coisas antes de você. Saber que eu fico bem de cabelo preso, descobri meu gosto por músicas calmas e rir de quem passa na frente do meu carro foram umas delas. Ser plenamente feliz também foi uma coisa que eu descobri com você.
Sem você tem sido difícil me adaptar com as coisas, me acostumar. Outro dia quase chamei alguém aqui pra sair. Quase, porque aí eu percebi que ele não tinha seu sorriso, nem seus olhos, nem seu cabelo. Nem seu nariz, nem seus lábios, nem seu cheiro. Aposto que ele não sabe jogar do jeito que você joga. Sem você os outros perderam a graça.  Desde que você foi embora, foi embora meu norte também. Tem dias que eu me perco no caminho do pub pro flat. Todos aqueles planos e as verdades absolutas que eu sempre tive também foram depois que você foi embora. Não tem mais poesia, só prosa. Como essa aqui.
Tenho ido bem sem você, tirando o fato de que sem a sua boca meus lábios racham de frio ou que sem seu sorriso tá tudo mais nublado aqui. Sim, eu tenho ido bem sem você. Até aprendi a mentir.




- Entre todas as coisas.