sábado, 27 de outubro de 2012

Às vezes me pergunto por que o amor, que dizem ser a coisa mais forte e importante que há, faz tanta gente sofrer. Entendo que algumas pessoas amam com impaciência, amam com possessão, amam com insegurança, amam com violência, amam com preguiça, amam das formas mais desajeitadas, e nada disso é coisa fácil de lidar. Mas o amor é assim mesmo, vem acompanhado de várias outras sensações, todas elas fora do nosso controle. O amor é lindo, mas também pode ser tenso, fóbico, difícil. Billie Holliday cantava: "Não me ameace com amor, baby/vamos só caminhando na chuva".
Chego à conclusão, então, de que se o amor é nobre e, ao mesmo tempo, ameaçador, deve existir algo muito melhor que amor. Muito maior que ele. Um sentimento que vários de nós talvez já tenhamos experimentado, só que, como esse sentimento nunca foi batizado, não o reconhecemos com facilidade. É difícil classificar as coisas sem nome.
Maior que o amor, melhor que o amor: um sentimento que ultrapasse todos os padrões convencionais de relacionamento. Que prescinda de fogos de artifício por ter chegado e também dispense velório por ter partido, que se instale sem radares em volta, que não nos deixe apreensivos para entendê-lo e nem para traduzir os seus sinais. Um sentimento que não se atenha à longevidade nem a uma intensidade medida pelo número de declarações verbais. Que seja algo que supere conceitos como matrimônio, família, adequação social. Que seja individualizado, amplo e sem contra-indicações.
O amor, como o conhecemos, é apenas um aprendizado, um estágio antes de a gente alcançar isso que é maior e melhor: um sentimento que independe da presença constante do outro, que confere leveza à vida, que nos deixa absolutamente plenos e livres. Plenos o amor nos torna; mas livres? Não. O amor termina e isso nos atormenta. Quando é maior e melhor que amor, não termina, mesmo quando a relação se desfaz. É um sentimento que, quanto mais forte, mais calmo. Quanto maior, mais discreto. A gente não o pensa, não o discute, não o compara, não o idealiza. Ele simplesmente encontra asilo dentro de nós e cresce sem a
aflição daquelas regrinhas impostas ao amor: "tem que cultivar, tem que reinventar, tem que...". Tem que nada. Tem que apenas curtir. É até bom que ele não tenha nome, símbolo, cor e teorias. Melhor assim, sem estampar capas de revista, sem que ninguém o use como argumento para cometer insanidades, sem virar mote para propaganda, sem fazer sofrer nas novelas e nem na vida.

Simplesmente enorme assim, sem ameaçar. Transcendente como um convite para caminhar na chuva.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Sempre vale.

Se você está sofrendo por causa de um amor perdido, eu tenho más notícias: não há nada que você possa fazer. E não há ninguém que possa ajudar. Na melhor das hipóteses, você vai ter um amigo paciente pra levá-lo a um bar e ouvir suas queixas e, eventualmente, buscar você em um bar e leva-lo pra casa com segurança, nos dias que você se comportar feito um bobo. Na verdade, até existe alguém capaz de curar sua dor, mas esse alguém não costuma ter pressa: ele se chama tempo. Portanto, procure levantar sua cabeça, e dar um passo adiante, por menor que seja, porque você ainda tem um longo caminho a percorrer dentro desse inferno. Ter pena de si mesmo não vai ajudar em nada, e por mais que você que não acredite, eu posso te garantir que você sente algum prazer em cultivar esse sofrimento. Sim, estar triste é uma forma de exercer a paixão, quando o alvo dessa paixão já se foi. Você está usufruindo o seu direito de estar eternamente apaixonado. Isso é ótimo, prova que você é um romântico. Mas, coisas ótimas não costumam ser baratas, e você tem que pagar seu preço. Em algum momento, tudo isso vai passar. E nesse caso, quando o furacão for embora, ele não deixará destroços, como se nada tivesse acontecido. Você vai recuperar suas noites de sono. Vai se sentir revigorado, vai tá feliz consigo mesmo, vai levantar sua auto-estima. Você vai tá pronto pra entregar seu coração à outra pessoa, mesmo correndo o risco de parti-lo em mil pedaçoes novamente, porque o amor... sempre vale a pena.

Como pode ?

Estranho. Você sempre sonha, idolatra, acha fofo, complexo, e quando é com você, você não sabe o que falar, pensar, só sentir.
É, é como se você estivesse mais perto do que nunca. Posso ver o seu sorriso estampado na parede verde do meu quarto, ou te ver ao meu lado quando me olho no espelho. Te apertar em cada palavra e babar em cada sorriso. Morrer de ciúmes, até do seu amigo que passa o fds inteiro com você. Ciúmes que não era constante assim, mas você virou intenso para mim. É como a lua, que você adora, acha linda, fica triste quando não a vê, mas está longe. Maldita distância que resolve separar todos os amores, amor. Uma distância que sufoca, agoniza, e te dar a certeza do querer. Como quero você. Todos os dias, segundos, sempre.

;)

Isso não é amor, isso é vício. Se todo dia você toma um choque na tomada de casa, vai acabar achando que precisa disso pra viver. Mude seu foco!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Wake up!

Cometa bobagens. Não pense demais porque o pensamento já mudou assim que se pensou. O que acontece normalmente, encaixado, sem arestas, não é lembrado. Ninguém lembra do que foi normal. Lembramos do porre, do fora, do desaforo, dos enganos, das cenas patéticas em que nos declaramos em público. Cometa bobagens. Dispute uma corrida com o silêncio. Não há anjo a salvar os ouvidos, não há semideus a cerrar a boca para que o seu futuro do passado não seja ressentimento. Demita o guarda-chuva, desafie a timidez, converse mais do que o permitido, coma melancia e vá tomar banho de rio. Mexa as chaves no bolso para despertar uma porta. Cometa bobagens. Não compre manual para criar os filhos, para prender o gozo, para despistar os fantasmas. Não existe manual que ensine a cometer bobagens. Não seja sério; a seriedade é duvidosa; seja alegre; a alegria é interrogativa. Quem ri não devolve o ar que respira. Não atravesse o corpo na faixa de segurança. Grite para o vizinho que você não suporta mais não ser incomodado. Use roupas com alguma lembrança. Use a memória das roupas mais do que as próprias roupas. Desista da agenda, dos papéis amarelos, de qualquer informação que não seja um bilhete de trem. Procure falar o que não vem à cabeça. Cantarolar uma música ainda sem letra. Deixe varrerem seus pés, case sem namorar, namore sem casar. Seja imprudente porque, quando se anda em linha reta, não há histórias para contar. Leve uma árvore para passear. Chore nos filmes babacas, durma nos filmes sérios. Não espere as segundas intenções para chegar às primeiras. Não diga “eu sei, eu sei”, quando nem ouviu direito. Almoce sozinho para sentir saudades do que não foi servido em sua vida. Ligue sem motivo para o amigo, leia o livro sem procurar coerência, ame sem pedir contrato, esqueça de ser o que os outros esperam para ser os outros em você. Transforme o sapato em um barco, ponha-o na água com a sua foto dentro. Não arrume a casa na segunda-feira. Não sofra com o fim do domingo. Alterne a respiração com um beijo. Volte tarde. Dispense o casaco para se gripar. Solte palavrão para valorizar depois cada palavra de afeto. Complique o que é muito simples. Conte uma piada sem rir antes. Não chore para chantagear. Cometa bobagens. Ninguém lembra do que foi normal. Que as suas lembranças não sejam o que ficou por dizer. É preferível a coragem da mentira à covardia da verdade.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Liberdade na vida é ter um amor para se prender.


quarta-feira, 4 de abril de 2012

E o coração, meio desenganado, agitou-se outra vez.

domingo, 4 de março de 2012

Ainda bem!

A gente demora pra aceitar, arruma novecentas desculpas para a falta de jeito do outro. Ah, ele é confuso. Ah, ele está tenso. Ah, ele tem medo. Ah, ele é maluco. Ah, ele isso. Ah, ele aquilo. Desculpa, mas quem quer estar junto pensa ah, que saudade. Ah, que falta ela me faz. Quem gosta, gosta. Sem complicações. Sem armações e armaduras. E ok, não vou mentir, tenho sentimentos de estimação por você. Mas estou deixando de alimentá-los. Um dia eles morrem.

Rodrigo:
"Ana, minha querida.
Dizem que o amor acaba. Que o amor termina. Mas não é a verdade. Nada acaba. Tudo dura, continua e transforma.
Enquanto eu aguardava aquela cirurgia, mil anos se passaram. As duas estavam lá dentro e eu pensava, se acontecer algo com as duas eu morro. Dizem que passa um filme da nossa vida na nossa cabeça e por isso, eu vi. Vi vocês duas meninas chegando à nossa casa. Vi nós três juntos ainda pequenos em tantos e tantos momentos. Vi você erguendo taças, troféus. Tua imagem na revista, inacessível. Distante da criança que eu era e que você era também. Depois a nossa fuga de casa e o nosso medo e a nossa coragem. E o salto sem rede que tantas vezes se chama amor. Vi você indo embora, sendo levada, de diferentes formas, tantas e tantas vezes. E depois vi você voltando e no fundo dos seus olhos, como num rio, tudo que a gente não tinha vivido. A partir daí eu me vi dividido entre dois amores, entre duas vidas. Uma que eu tava vivendo e a outra que eu jamais tinha podido viver. Durante os meus piores momentos enquanto eu aguardava naquela sala, como se a doença da nossa filha tivesse me curado, eu entendi que não tinha mais divisão nenhuma. O que tinha sido vivido, o que tinha ficado pra trás. Tudo era parte de uma mesma história, de uma mesma vida e de um mesmo sentimento: amor. E foi então que eu vi, nós dois juntos, cruzando a fronteira."

Ana:
"Como se tivesse alcançado a outra margem de um rio. O rio quando a gente se amou pela primeira vez, o rio do meu acidente. Mas sempre um rio. E porque naquele momento eu precisava ser forte, finalmente e sem escapes, eu consegui atravessar aquele rio eterno, como se num instante eu tivesse vivido todos os anos que ainda estavam parados em mim, me esperando. Do outro lado da fronteira que sem perceber nós já tínhamos cruzado. Uma infância compartilhada, uma adolescência trancada, uma juventude não vivida. Do lado de cá dois adultos maduros finalmente libertos daquele fardo pesado, feito de lembranças, de sonhos antigos. Por que há novos sonhos do lado de cá da fronteira. E agora, podemos viver."

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Story of man.


Você passa a maior parte do tempo
Tentando entender porque você nunca consegue entender
Justamente o que você está tentando entender
Passe mais tempo vivendo

Você passa a maior parte do tempo
Procurando pelo amor que estará à procura do seu amor
Você ama guardar o seu amor para o amor
Passe mais tempo amando

Você passa a maior parte do tempo
Falando de si mesmo e como isso é importante para seu ego
Mais do que para qualquer outra pessoa
Passe mais tempo ouvindo

Você passa a maior parte do tempo
Julgando tudo como se até soubesse de alguma coisa
Há mais nas coisas do que somente uma coisa
Passe mais tempo respeitando

Você passa a maior parte do tempo
Preocupado com o que irão dizer sobre seus maneirismos bobos
E isso não é bobo, da mesma forma?
Passe mais tempo fluindo

Você passa a maior parte do tempo
Reclamando, blefando, odiando todos o tempos
Sangrando

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Estado de espírito.

Cortando as figuras
Cortando o nó na garganta
Cortando as linhas dos limites
Cortando as pedras, contrariando o jogo
Cortando a pele fina
Cortando a saliva seca que esmaga
Cortando os vínculos
Cortando os cabelos
Cortando os olhos e os laços
Cortando, recortando, cortando de novo...

... Agora alguém me ensina a colar?